01/06/2013 08h09
- Atualizado em
01/06/2013 15h47
http://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2013/06/alagoas-tem-apenas-15-do-esgoto-tratado-todo-o-resto-vai-para-o-mar.html
http://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2013/06/alagoas-tem-apenas-15-do-esgoto-tratado-todo-o-resto-vai-para-o-mar.html
Na capital esse número sobe para 32% e a meta é alcançar 60% até 2014.
Estado atribui problema à falta de interesse dos gestores municipais.
Para o secretário da Seinfra, Marco Fireman, os prefeitos não têm muito interesse em obras de esgotamento. "São obras que quebram a cidade toda, causam transtornos imensos e depois ficam embaixo da terra. Ninguém vê", diz.
Canal de esgoto cai direto na Lagoa do Mundaú (Foto: Jonathan Lins/G1)
Para mudar esta situação crítica, que não é exclusividade de Alagoas, mas acontece em todo o país, o governo federal faz investimentos por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em estacões de tratamento por várias regiões.
Em Maceió, de acordo com a Seinfra, apenas 32% do esgoto são tratados. E os efeitos desse descaso são vistos não só em bairros da periferia, mas nos cartões postais de Maceió. As belíssimas praias da capital são tomadas por línguas negras. A pior situação é do riacho Salgadinho. Aquele trecho da Praia da Avenida é motivo de vergonha para a cidade que recebe tantos turistas.
Em meio ao lixo, até um cadáver já foi encontrado no Riacho Salgadinho (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
Se a situação nas lindas praias está assim, no bairros mais pobres é muito pior. Na Levada, bem perto do Mercado da Produção e não muito longe do Centro, a maioria dos moradores vivem às margens de um fétido canal.
O local fica muito próximo à Lagoa Mundaú, lugar de beleza exuberante e que seria mais uma atração turística para a capital, mas está abandonado e maltratado pela população e seus governantes.
Praias da capital são manchadas pelas línguas negras que seguem em direção ao mar (Foto: Jonathan Lins/G1)
Marlon Clementino, 49, é açougueiro e também mora na região há 22 anos. Ele diz que a situação só piora com o tempo, porque aumenta a população e o canal fica cada vez mais sujo. Com relação a doenças ele diz que não tem muitos casos. "Eu acho que a gente cria anticorpos e não pega mais nada", diz com um sorriso de ironia.
Já a dona de casa Verônica Aquino dos Santos, 39, diz que vê muitas crianças com diarreia e até com dengue. "Isso aqui é horrível, é péssimo, é um descaso com a gente", diz.
Esgoto das casas são dispensados sem tratamento (à esq.); à direita, população convive com mau cheiro
(Foto: Jonathan Lins/G1)
(Foto: Jonathan Lins/G1)
A pesquisa foi realizada em 81 cidades com mais de 300 mil habitantes entre os anos de 2003 e 2008, quando houve 67,3 mil internações por diarreia nessas cidades. Em 2011, os gastos com esse tipo de internação chegaram a R$ 140 milhões no país.
No interior do estado situações como a do bairro da Levada também são comus. Há cidades que não tratam nada de esgoto. Na última semana, o Ministério Público Federal disse que entrará com Ações Civis Pública e Criminal na Justiça cobrando que quatro municípios do interior do estado façam estações de tratamento de esgoto.
Nas cidades de Atalaia, Cajueiro, Pindoba e Capela o esgoto vem sendo jogado diretamente nos rios que desaguam nas lagoas Mundaú e Manguaba. Em Atalaia foi construída uma estação de tratamento há dez anos, mas está abandonada. A obra custou R$ 2,5 milhões aos cofres públicos.
Mãe empurra filho na cadeira de rodas na passarela de madeira no canal da Levada. (Foto: Jonathan Lins/G1)
Metas
Segundo o secretário da Seinfra, Marco Fireman, até o final de 2013 Maceió alacançará 40% de tratamento de esgoto. E a meta é chegar em 60% até 2014.
Já para o estado a meta é alcançar 30%. "Até 2014 todos municípios reibeirinhos do Rio São Francisco estarão com as obras de esgotamento concluídas ou em andamento" afirma. Para Marco Fireman só em 2020 as principais cidades de Alagoas estarão 100% saneadas.
Investimento
Só de recursos federais já foram investidos R$ 230 milhões e ainda estão sendo aplicados mais R$ 200 milhões. No total são R$ 430 milhões de investimentos em tratamento de esgoto em Alagoas, segundo a Seinfra.
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