domingo, 25 de setembro de 2016

Campanha alerta para aumento da mortandade de botos-cinzas no Rio de Janeiro

Campanha alerta para aumento da mortandade de botos-cinzas no Rio de Janeiro

fonte: 
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-09/campanha-alerta-para-aumento-da-mortandade-de-botos-cinzas-no-rio-de-janeiro


O Ministério Público Federal lançou nesta semana a Campanha Salve o Boto – Não deixe o boto virar cinzas, em parceria com a Associação Nacional dos Procuradores da República e o Instituto Boto CinzaImagem de divulgação/Instituto boto-cinza

O boto-cinza já foi tão abundante nas baías do Rio de Janeiro que se tornou símbolo da capital fluminense, mas agora corre o risco de desaparecer. Foram 170 mortes somente nos últimos três anos no estado. Na Baía de Guanabara restam apenas 34 animais da espécie e na Baía de Sepetiba, 800 botos.
Para chamar a atenção da sociedade para o problema, o Ministério Público Federal lançou nesta semana a campanha Salve o Boto – Não deixe o boto virar cinzas, em parceria com a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e o Instituto Boto Cinza.
O alvo da campanha são as redes sociais, como estratégia de comunicação para replicação da hashtag #SalveoBoto e, até o próximo dia 8 de outubro, os canais de comunicação oficiais do Ministério Público Federal (MPF) divulgarão posts, vídeos e matérias sobre o assunto, estimulando o uso da hashtag que dá nome à campanha.
As maiores ameaças são crescimento descontrolado do número de embarcações nessas baías e de empreendimentos industriais ao redor delas, além da pesca predatória.
O coordenador do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, professor José Lailson Brito Júnior, alertou que na Baía de Guanabara, se nada for feito, a extinção ocorrerá em menos de 15 anos. “Na Baía de Sepetiva, se você imaginar que morreram apenas no ano passado mais de 80 animais, essa população está morrendo em taxas cinco vezes maiores do que o que consideramos razoáveis”, lamentou ele.
Portos
O coordenador científico do Instituto Boto-Cinza, Leonardo Flach, conta que o aumento de empreendimentos industriais na Baía de Sepetiba foram as principais causas para a redução dessa população. “Na última década, tivemos quatro empreendimentos portuários estabelecidos aqui em Sepetiba, o que diminuiu a área de uso dos pescadores, provocando uma maior sobreposição entre as áreas onde o boto vive e onde há pesca artesanal”, comentou o ambientalista.
Dentre as tentativas para reverter esse quadro de extinção, especialistas e ambientalistas ressaltam a fiscalização efetiva da pesca ilegal e das atividades industriais e portuárias e o fortalecimento das unidades de conservação marinhas como a Área de Proteção Ambiental de Guapimirim, na Baía de Guanabara.
Na Baía de Sepetiba, a Área de Proteção Ambiental Boto Cinza foi aprovada em abril de 2015, mas ainda não foi implantada. Outras ações que podem ajudar a preservar os golfinhos são o aumento do saneamento dos municípios, educação ambiental e redução dos licenciamentos ambientais de empreendimentos industriais nessas baías.
Mascote
Para a campanha, foi criado a mascote Acerola, um carismático boto que gosta de surfar e nadar com sua família pelas águas da baía. O nome é uma homenagem ao boto-cinza encontrado morto em junho de 2016 na Baía de Guanabara. Acerola era monitorado por cientistas desde o seu nascimento e as marcas no animal indicam que ele morreu afogado, preso a uma rede de emalhe – uma das principais causas de morte do boto-cinza. As redes de emalhar são um instrumento de pesca passiva em que os peixes ou crustáceos ficam presos em suas malhas devido ao seu próprio movimento.
A procuradora da República Monique Cheker falou sobre a importância do trabalho conjunto dos órgãos de fiscalização para a proteção do boto-cinza. “Sem a atuação do grupo, não seria possível o MPF atuar para ajudar , disse Monique. "Se eles são o topo da cadeia alimentar e estão morrendo, significa que o restante da cadeia está toda prejudicada”, completou.
O boto-cinza é um dos menores golfinhos existentes no Brasil e pode ser encontrado no Brasil desde o Amapá até Santa Catarina.
Para mais informações sobre a campanha, acesse o site.
*Colaborou Joana Moscatelli, repórter do Rádiojornalismo.
Edição: Denise Griesinger

sábado, 10 de setembro de 2016

Botos do Rio Formoso pedem água

Botos do Rio Formoso pedem água

Por Vandré Fonseca

Equipe resgata botos em Tocantins. O baixo nível dos rios devido a seca intensa é agravado pelo uso da água para agricultura. Foto: AMPA.

Manaus, AM --  Entre os doze botos resgatados, nove encalharam no Rio Formoso, região da Lagoa da Confusão (TO), em uma fazenda de soja e milho. Eram dois machos bem jovens, que haviam sido separados das mães ou da mãe, uma fêmea com filhote e cinco machos adultos. Todos ainda em boas condições físicas. Foram surpreendidos pela velocidade com que a água foi drenada do rio, de acordo com a líder da equipe de resgate, a bióloga Vera Silva, coordenadora do Laboratório de Mamíferos Aquáticos do Inpa (LBA-Inpa).
Os animais eram monitorados há cerca de um mês pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturantins), que pediu apoio para o resgate. “Botos não costumam ficar encalhados”, afirma a bióloga Vera Silva. “Nesse caso, o encalhe ocorreu por conta da drenagem do rio. As bombas funcionam 24 horas e, como está muito seco e não está chovendo, então os rios estão secando muito rápido”, completa. Foram necessários dois dias e o trabalho de 25 pessoas para o resgate, transporte e soltura de todos os animais no Rio Javaés com sucesso. A ação contou com participação  também do Batalhão Ambiental e da fazenda onde os animais foram encontrados.
Os botos do Araguaia (Inia araguaiaensis) são de uma espécie distinta de outros botos-cor-de-rosa encontrados na Amazônia e descrita há pouco tempo pelos cientistas, conforme destaca a bióloga Renata Emim, do Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos da Amazônia do Museu Paraense Emílio-Goeldi. E por ser uma espécie nova, os estudos ainda são insuficientes para avaliar o status de conservação. “No entanto, de acordo com o que estamos vendo, as populações no Pará e no Tocantins sofrem uma série de ameaças. Entre elas a relacionada com a seca no rio Formoso”, alerta Renata. “E que neste caso foi agravada pelo uso de água para projetos de irrigação”, completa.
O Rio Formoso foi a segunda parada de uma missão de salvamento montada pelo Inpa e pela Associação Amigos do Peixe-Boi da Amazônia (Ampa) e que só foi possível graças as passagens bancadas pelo Aquário de São Paulo e ao apoio de instituições locais. As ações haviam começado uma semana antes, com a chegada de uma veterinária a região de Floresta do Araguaia (PA), a cerca de 300 quilômetros de Marapá (PA). O restante da equipe chegou na quarta-feira. Na bagagem, cerca de 400 quilos em redes e outros equipamentos usados para retirar os bichos da água.
Por lá, três botos estavam encalhados em um rio com nível tão reduzido que a parte mais funda chegava a apenas um metro. Eram dois jovens com menos de 1,60 de comprimento e uma fêmea bastante debilitada. “Ela estava muito magra, dava para ver as costelas e as nadadeiras estavam bem destacadas”, conta Vera Silva. “Tinha também perfurações no corpo e, de uma dessas perfurações, retiramos chumbo de espingarda. Tinha um ferimento na cabeça, atrás do respiráculo”, completa.
Manejo dos botos exige cuidados. Animais precisam ser molhados a toda hora e, fora da água, precisam ficar em colchões. Em terra, o peso do próprio corpo pode machucá-los. Foto: AMPA.
Os animais viajaram em um caminhão por 1h36min, num trajeto com muita poeira e solavancos, até chegar a um local seguro, onde puderam ser soltos. A viagem foi tensa, devido a preocupação com a fêmea, que poderia não resistir. Felizmente, depois de soltos, os três animais foram vistos nadando juntos, o que dá a esperança dessa fêmea resistir.
Segundo Vera Silva, ainda faltam informações sobre a frequência com que botos encalham na região do Araguaia-Tocantins, mas quando isso acontece eles correm riscos sérios. Ficam sujeitos ao calor, falta de alimentos, abate feito por homens e também predadores incomuns. “No Araguaia, botos já se tornaram presas para jacarés e onças, quando sabemos que quando eles estão saudáveis nos rios não enfrentam esses predadores”, lamenta a coordenadora da missão.
As populações de boto do Araguaia e do Tocantins já estão isoladas devido à barragem de Usina de Tucuruí e enfrentam outras ameaças provocadas por atividades humanas, como ação de pescadores que tentam afugentá-los ou até mesmo contaminação dos rios por agrotóxicos. No Rio Tocantins, a construção de barragens isola ainda mais a população dos animais, enquanto no Araguaia a situação de agrava com a ocupação das margens e assoreamento dos rios. “Tivemos sucesso em salvar esses animais, mas essa questão de bombeamento de rios para irrigação de fazendas é preocupante, principalmente porque essa espécie é uma espécie nova, que está sendo ameaçada por ações antrópicas”, alerta Vera Silva.





segunda-feira, 11 de julho de 2016

Por que o litoral norte de São Paulo está sendo invadido por baleias jubarte

Por que o litoral norte de São Paulo está sendo invadido por baleias jubarte 
fonte :  https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/07/08/Por-que-o-litoral-norte-de-S%C3%A3o-Paulo-est%C3%A1-sendo-invadido-por-baleias-jubarte  

por Beatriz Montesanti
8 Jul 2016

Os animais, quase extintos na década de 1960 até a caça ser proibida, têm aparecido no canal entre Ilhabela e São Sebastião

 

Nas últimas semanas, moradores e turistas de Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, têm avistado com certa frequência baleias jubartes fazendo acrobacias a algumas centenas de metros da costa. Baleias por vezes aparecem nas águas que dividem o arquipélago do continente, mas nunca foram vistas com tamanha constância e quantidade. 
Baleias jubartes migram mais de 25 mil quilômetros a cada ano, indo das áreas de alimentação para as de reprodução. No verão, ficam em águas polares, deslocando-se aos trópicos no inverno para acasalar. No Brasil, vivem comumente na região dos Abrolhos, no sul da Bahia e norte do Espírito Santo. Num raio maior, aparecem na faixa que vai do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Norte. E, por vezes, aparecem em menor quantidade em locais mais inusitados ao longo da costa, como o litoral de São Paulo.
A questão é: o que tem provocado o aumento expressivo dos animais nessa região e, ainda, o que
isso pode significar para a economia e o ecossistema locais?
Há pontos positivos e negativos, explica ao Nexo Milton Marcondes, médico veterinário e coordenador de pesquisa do Projeto Baleia Jubarte, instituto dedicado à preservação do animal e localizado em Caravelas, na Bahia.
As baleias jubartes quase foram extintas. A população havia reduzido 90% quando a caça da espécie foi proibida, em 1966 - o óleo dos animais era usado para iluminação e construção de casas coloniais. Desde então, graças aos esforços para preservá-las, o número de baleias tem voltado a subir. Hoje, calcula-se que haja cerca de 17 mil exemplares na costa brasileira, ante os pouco mais de 600 que restavam na década de 1960. O aumento do número de representantes da espécie pode explicar, ao menos em parte, sua maior incidência em locais menos comuns.
“Pode ser que houvesse antes jubartes que iam até o litoral de São Paulo, mas por serem poucas, não víamos ou não tínhamos notícia”, sugere Marcondes. Além disso, lembra ele, o desenvolvimento das tecnologias de informação faz com que essas incidências sejam mais registradas e se espalhem rapidamente pela internet.
Mas há ainda outra possibilidade para o desvio de rota, de natureza ambiental: a ocorrência dos fenômenos climáticos “El Niño” em 2015 e “La Niña” em 2016. “Mudanças climáticas mudam correntes marinhas e a distribuição de alimentos. Por isso as baleias podem ter saído do curso tradicional”, explica o veterinário.

Possíveis consequências do aumento de jubartes

Essas baleias têm entre 12 e 16 metros de comprimento e podem passar de 40 toneladas de peso. Quando saltam, retiram quase todo o seu corpo da água, provocando um espetáculo atraente ao turismo.
Segundo Marcondes, caso a população de jubartes cresça e sua presença se torne constante no litoral norte de São Paulo, abre-se uma perspectiva interessante para o turismo de observação de baleias na região. “Além de ser vantajoso para a cidade, essa é uma ótima ferramenta para educar pessoas e dar um valor econômico para a conservação das baleias”, diz ele, citando o exemplo como moeda de troca para evitar o abate dos animais. “O turismo gera renda para muita gente, é um contra-argumento valioso para a caça.”
Em contrapartida, os animais passarão a habitar um ambiente bem diferente do anterior à década de 1960, quando a população da espécie ocupava em abundância os mares. Há mais redes de pesca, barcos, portos, docas e navios. É necessário realizar um trabalho de conscientização com trabalhadores e velejadores locais para garantir que as baleias circulem pelas águas com segurança.
Em Abrolhos, o Projeto Baleia Jubarte avisa velejadores sobre os locais nos quais as baleias geralmente ficam durante a temporada. Além disso, muitos pescadores trocaram suas redes de espera, que pernoitam boiando na água, pela rede de fundo, retirada no mesmo dia, que apresentam menos risco para os animais se enroscarem. Só neste ano, das 24 baleias encontradas encalhadas no litoral, seis ficaram presas em redes de pesca.
“É importante que as pessoas avisem as instituições que trabalham com o resgate desses animais quando encontrarem algum [encalhado], mesmo que morto. Serve para estudarmos e entendermos o que está prejudicando a espécie”, conclui Marcondes.

 

Instituto Baleia Jubarte realiza curso de capacitação

Qui, 07/07/2016 às 10:04

Instituto Baleia Jubarte realiza curso de capacitação

http://atarde.uol.com.br/bahia/noticias/1784504-instituto-baleia-jubarte-realiza-curso-de-capacitacao

Franco Adailton
 instituto baleia jubarte curso capacitacao mestre de embarcacao


O curso é para mestre de embarcação e operadores de turismo de observação 

Às vésperas da temporada de reprodução das baleias jubarte na Bahia, o Instituto Baleia Jubarte realiza nesta sexta-feira, 7, um curso de capacitação para os mestres de embarcação e operadores de turismo de observação de baleias.
A oficina ocorrerá na sede do Projeto Baleia Jubarte, em Praia do Forte, município de Mata de São João, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), das 8h30 às 16h30. Os interessados devem ligar para 71 3676-1463 ou enviar um e-mail para ea.praiadoforte@baleiajubarte.org.br.
De julho a novembro, cerca de 80% dos animais que vêm acasalar no Brasil se concentram em Caravelas, extremo sul da Bahia, mas os cetáceos podem ser vistos em boa parte da costa baiana, em locais como Salvador, Praia do Forte, Morro de São Paulo, Itacaré, Barra Grande e Porto Seguro.
Em 2015, o resultado do censo aéreo divulgado pelo Projeto Baleia Jubarte apontou o trânsito de cerca de 17 mil cetáceos, de julho a novembro, durante a temporada de reprodução no Brasil. Houve um aumento de 30% em comparação com o levantamento anterior, realizado em 2011, quando foram catalogadas aproximadamente 11.400 espécimes.