Biólogos monitoram espécies ameaçadas no Litoral Norte do RS
ONG de pesquisadores usa técnicas inovadoras para monitorar animais.
Estudos buscam entender padrão de distribuição das espécies no estado.
Toninha (acima à esq.) pode ser extinta; carcaças são marcadas
com tinta spray
(Foto: Reprodução/RBS TV)
Ligados à ONG Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do RS (Gemars), os pesquisadores utilizam técnicas inovadoras para monitorar os animais que são encontrados mortos à beira da praia e, assim, qualificar os resultados dos testes. A marcação com tinta é uma dessas práticas.
A técnica é simples e eficaz - consiste em assinalar as espécies achadas mortas com cores diferentes em spray a cada expedição, para que a contagem não se repita e seja possível monitorar cada exemplar. “Por exemplo, uma tartaruga que marcamos há 15 dias será marcada com outras cores cada vez que a encontrarmos de novo. Pela coloração saberemos há quanto tempo ocorreram essas marcações e isso vai nos dizer o período que essa carcaça levou para se decompor”, explica o biólogo Maurício Tavares, do Gemars. “Ao longo dos anos, vamos montar um quebra-cabeça para entender melhor o padrão de distribuição”.
O Gemars foi criado há duas décadas pelos então estudantes Maurício Tavares, Daniel Schiavon e Ignácio Moreno. Atualmente, a equipe que percorre as praias gaúchas é formada por biólogos da entidade e também estudantes e funcionários da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade de Ilhéus, na Bahia. “Percorremos áreas onde nunca ninguém antes tinha ido coletando mamíferos marinhos. Então logo cedo começamos a descobrir espécies novas, ainda não registradas no Brasil”, conta Ignácio.
(Foto: Marcos Pereira/RBS TV)
Outra causa de mortes é a ação do homem na natureza. As tartarugas são vítimas constantes do lixo jogado na água. Muitas não resistem ao excesso de plástico acumulado no estômago. A pesca irregular á outro problema. Golfinhos e baleias de pequeno porte, mamíferos que precisam subir à superfície para respirar, acabam enredados em redes. O albatroz, por exemplo, pode ser vítima da pesca com espinhel ao tentar comer a lula usada como isca nessa prática.
saiba mais
Pequenos cuidados na atividade pesqueira estão sendo aos pouco
introduzidos e já mostram bons resultados. “Vai desde pintar a isca de
azul para disfarçar na água, soltar a linha de noite pra evitar que o
albatroz a veja ou usar o toriline, uma estrutura com linhas puxadas
atrás do barco como se fosse um espantalho para evitar que o bicho não
chegue perto”, relata Maurício.Conforme os biólogos, o animal que corre maior risco de extinção é a toninha, um tipo de golfinho tímido de cor amarelada que só existe abaixo do litoral do Espírito Santo. Em apenas 50 quilômetros percorridos no litoral do RS foram encontrados 15 animais mortos. O trabalho de conscientização a preservação da espécie é uma das prioridades do Gemars, que luta pela maior fiscalização na indústria pesqueira e pela certificação em produtos que preservam o meio ambiente.
“Esperamos que com esse material coletado das espécies mortas consigamos descobrir informações que vão ajudar a conservar as que estão vivas. Assim, meus filhos e até meus netos vão poder conhecer um dia esses animais” projeta Maurício.
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